sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

O que temos para comemorar?


Mais 365 dias de mortes, de dores insuportáveis e gritos aparentemente inaudíveis. Podemos comemorar o derreme de óleo no Golfo, a continuidade da caça de baleias, o comércio de barbatanas de tubarão e a matança de golfinhos em Taiji. Podemos comemorar os trancafiados em laboratórios, em zoológicos, em parques, em rinhas, em fazendas de criação, em abrigos. Podemos comemorar os que morreram nesses lugares, atrás de grades geladas sem nunca saber o que é esticar as pernas e correr ao sol. Podemos comemorar os 15 ativistas da SHAC que passaram o natal e o ano novo na prisão, ou que Walter Bond ficará detido sem poder ajudar animais. Podemos comemorar que o Ady Gil está formando uma colônia de cracas no fundo do oceano. Podemos comemorar que, segundo as estatísticas da Animals Change, esse ano morreram 50.000.000.000 de animais para as pessoas comerem hambúrguer e churrasco, 250.000.000 de galinhos porque nasceram machos e não botam ovos, 5.500.000 vitelos porque suas mães tinham de dar leite aos bebês humanos, mais de 100.000.000 de "cobaias" SÓ NOS EUA- e esse número é uma estimativa baixíssima, já que animais de laboratório não entram na lei de proteção e não são contabilizados. Morreram 350.000 focas bebês para suas peles virarem casaco, 30.000.000 de chinchilas, raposas, coelhos e minks pelo mesmo motivo - e 2.000.000 cães e gatos. Estamos aqui, ainda aqui, por mais um ano.
Podemos? Podemos comemorar?

Daquele que humildemente lhes fala
pelos irmãos que não podem fazê-lo

domingo, 26 de dezembro de 2010

Como foi o seu natal?

Enquanto as pessoas colocavam luzes de natal em suas casa e preparavam uma ceia sem pensar no "amar ao próximo", as ações abaixo aconteciam. Deixo-lhes o relato com apenas três palavras... veja. ouça. MUDE!
Daquele que humildemente lhes fala pelos irmãos que não podem fazê-lo,
Alfredo



Hoje é 14 de dezembro de 2010, são uma e quinze da tarde. Sou uma pessoa comum e estou num carro comum passando pela ponte que liga o continente à ilha de Florianópolis. Ao meu lado, o marco turístico de uma das mais belas capitais brasileiras. À minha frente, uma fila de carros com chapas de outros estados. Acima de mim, aviões trazendo turistas internacionais. Atrás, uma estrada de 35 Km que leva a uma cidadezinha chamada Três Riachos. Eu estou voltando dessa estrada, da granja industrial que fica ao final dela. O que eu vi ali é impossível esquecer, por mais que quisesse, e é impossível deixar passar no silêncio.

Sai de manhã, passei por três agropecuárias perguntando a procedência das galinhas. Descobri a Granja Áurea. Peguei estradas rurais e cheguei em um chão pisado de terra. Não consegui contar o número de galpões, apesar de estarem bem perto, pois quando pensava que eram tantos, outros tantos apereciam atrás. O carro parou no estacionamento de entrada. Abri a porta e desci, sem nem falar com ninguém, e fui entrando.
Te atinge os ouvidos e o nariz antes que tu te dê conta. O cheiro é podre, é forte. O barulho, o baraulho não sei descrever. Um som que vem de dentro do peito, nasalado, repetitivo. Vindo de milhares, milhares e não estou exagerando, de galinhas. Elas estão presas em linhas de gaiolas que se perdem da vista, em três andares de linhas, o que significa que as da linha de cima defecam nas das linhas de baixo. As gaiolas ficam expostas ao frio, ao vento, e à chuva, com apenas um telhado alto. Cada gaiola tem dois palmos de largura e dois palmos e meio de comprimento. Cada gaiola confina cinco galinhas. É uma folha de papel A4.
Quando uma ergue uma pata ou mexe a cabeça, todas as outras precisam se mover também. Elas não tem espaço para sentar nem se virar, ficam com as cabeças enfiadas na grade mexendo compulsivamente para frente e para trás. Deitar ou descansar as pernas é inimaginável, seus pés ficam pendendo de um chão de grades de ferro lotadas de esterco endurecido. As unhas chegam a abraçar a grade, tão grandes que ficam da falta do comportamento mais natural das galinhas: ciscar.
Elas têm os bicos cortados com 13 semanas de idade numa chapa quente, para evitar que matem umas às outras. Sim, elas sentem dor no bico. Com 18 semanas são levadas para as gaiolas de bateria, onde passarão a vida botando ovos para fazer o omelete e o bolo que os restaurantes servem, que as pessoas fazem. Quando estiverem muito machucadas, doentes ou pararem de dar lucro são vendidas aos funcionários do lugar por um real, um real e dez dependendo da quantidade. Ali, esse é o preço da vida. Elas provavelmente viram canja ou ensopado, se é que resta alguma carne naquele corpo tão socado. As que não são compradas esperam por um dia pré-definido, em que um caminhão vem buscá-las. Os funcionários não sabem o que acontece com elas.
A granja adquire os animais de um fornecedor em São Paulo. A viajem de mais de 10 horas é feita em um caminhão transportador. Esteja frio ou calor, elas vêm amontoadas às centenas sem água ou comida, vulneráveis ao sol, ao frio e ao vento. Os que chegam machos são mortos.
Na colheta dos ovos, feita diariamente, os trabalhadores são obrigados a contabilizar cada gaiola, inclusive ovos quebrados. O objetivo é ter controle das gaiolas que precisam de substituição.
Os ovos são lavados e embalados em caixinhas de papelão bonitinhas com desenhos coloridos. Essas caixas chegam aos supermercados e o consumidor paga para levar o ingrediente extra do almoço, o ingrediente totalmente dispensável. Esse dinheiro passa pela mão do operador do caixa, e é usado para comprar mais ovos, que vão dar dinheiro a um galego que nunca aperece na granja, para que ele compre mais galinhas de São Paulo e possa pagar a reforma da mansão na praia em que mora.
O ciclo não se fecha. Não se fecha mas pode fechar. O consumidor é o ponto mais pesado da balança, é com o dinheiro que passa para o operador do supermercado que o negócio continua. O ciclo pode se fechar se as notas continuarem na carteira na hora de passar no caixa. Ou a caixa de papelão na prateleira. Do contrário, a vida das galinhas não muda. Elas continuam presas nesse exato momento. Quem tiver coragem que vá conferir pessoalmente. Chega e entra, olha, vê. Ouve... e muda!

Confira as fotos da investigação:
Granja Áurea - Picassa do Alfredo

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Onde você estava?

Onde você estava quando me abriram a cabeça para implantar eletrodos? Onde você estava quando me cortaram o ventre para ver pulsar o sangue? Onde você estava quando me trancafiaram em uma gaiola, arrancaram de minha mãe, me causaram dor, me quebraram o espiríto? Onde vocé estava? Onde você está?
Onde você está quando rasgam o couro de animais vivos para alguém vestir? Onde você está quando arrancam as asas e a liberdade de um ser inocente? Onde você está quando apertam as genitais de quem só quer ficar tranquilo num campo? Onde você está quando dão choques para subjulgar quem foi arrancado de seu habitat natural? Onde você está quando confinam, torturam, mutilam, esfolam, matam? Onde, onde? Chorando, dormindo mal, fechando os olhos para vídeos de denúncia? Dizendo que ama os animais e que morre de dó? Parabéns, ajudou muito a empresa de travesseiros e a de Prozac. Agora é hora de ajudar de verdade quem realmente precisa. Onde você vai estar, quando receber um novo chamado para protestar, para erguer a voz? Fechando os olhos para algum vídeo sanguinolento do momento? Pois bem, sanguinolenta é nossa vida. Não temos família, não estamos na mídia, não temos um apelo emocional e sensacionalista. Só queremos viver. Onde você estará quando precisarmos de ti? Onde?

Daquele que humildemente lhes fala
pelos irmãos que não podem fazê-lo

sábado, 6 de novembro de 2010

Manifeste-se contra a vivissecção! 11.11, às 11h, na UFSC

Caras pessoas com o poder de mudar a realidade,

Venho pedir-lhes sua voz.

Na próxima quinta-feira, dia 11/11, um grupo de voluntários vestidos de preto, em luto por meus colegas, estará colhetando assinaturas e conversando com estudantes na Universidade Federal de SC sobre os animais que morrem entre aquelas paredes. O que peço é simples: doe apenas uma hora das 168 que você terá nessa próxima semana para falar por nós, os trancafiados em biotérios.

Por favor, por favor, erga a voz!

Quinta-feira (11/11) às 11h em frente à reitoria da UFSC
Vir de preto, afinal, dezenas de animais estarão morrendo da pior maneira possível ...bem ali ao lado

Daquele que humildemente lhes fala
pelos irmãos que não podem fazê-lo,
Alfredo

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Na gaiola de um biotério

Cuidado! O que você vai ler é uma história real!

5 de novembro de 2010.
Nasci em um mundo que não compreendo... lotado de pessoas que não compreendo. Entre quatro paredes de concreto cinzento, abri os olhos. Estava escuro. Uma mão forte me pegou pelas costas. Os gritos de minha mãe eram altos, desesperados, mas as mão que me seguravam pareciam não entender nosso idioma. Ou éramos simplesmente ignorados. Fui prensado contra uma mesa de metal, uma luz pálida ofuscava minha visão de bebê. Injetaram-me algo na veia, senti as forças deixarem meu corpo. Acordei tremendo, uma dor insuportável atravessando minha espinha, minha cabeça. Tentei esquivar-me, mas meus músculos não obedeciam, a língua pendia para o canto da boca. Tentava a todo custo dobrar as mãos, mexer as pernas e correr dali... mas nada obedecia. Meu corpo jogado, caído mole, em cima da mesma mesa de metal. Colocavam algo na minha cabeça. Resmungavam qualquer coisa, eu entendia as palavras, mas não o significado. Era apenas um bebê. O pavor e o desespero fizeram todo meu sangue correr rápido pelo corpo, eu tremia, tremia involuntáriamente tentando contrair os músculos. A vista escureu aos poucos, a luz pálida embaçou-se até apagar por completo. Acordei trancado em uma solitária com paredes de acrílico transparente. Custei a entender que o que eu ouvia eram gritos. Urros de dor, de medo. E então o silêncio...
Algo pesava na minha cabeça, causava uma dor bem funda no crânio, a sensação, o ardor, sentimentos tão agonizantes que não achei serem posssíveis de existir. Eu era apenas um bebê. Queria minha mãe, seu colo acolhedor, fechar os olhos e fugir desse pesadelo. Não, não era pesadelo. Era real. A dor bateu forte, na base do crânio. A imagem de minha mãe foi arrancada de minha mente. Uma de minhas pernas começou a tremer, tremia em círculos, senti-a queimar, cansar, tentei pará-la, tentei até a respiração ficar difícil. Outra pontada de dor.

5 de novembro de 2010. Eu sou um dos bilhões de ratos que nasceu no lugar errado. Não, não é pesadelo. É real. Estou trancado em um laboratório de não sei o que, não sei onde e muito menos por quê. A luz pálida mostra silhuetas medonhas se aproximando. Vejo o brilho do metal, o bisturi que vai cortar alguma parte de meu corpo fora, a agulha que vai mergulhar fundo nos meus ossos. Fecho os olhos, o movimento dói. Tento fazer a mente correr dali. Tento morrer. Uma pontada na base do crânio. Não, ainda não, meu suplício está longe do fim.

5 de novembro de 2010.
E enquanto você senta confortavelmente num colchão, num sofá, eu tenho metais e fios elétricos enfiados no cérebro.
Enquanto você dorme, eu tento fechar os olhos sem desmaiar com a dor.
Por quê? Por quê eu e não tu? O que temos de tão diferente? Maldito corpo, por quê nasci um maldito rato? Por que ninguém está se importando? Por que ninguém faz nada?

Eu queria viver. Hoje sei que não posso mais.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

2 de novembro de 2010: A Estréia


Um dia depois do Dia Mundial Vegano, três dias antes do aniversário de morte de Barry Horne. Hoje é para os pagãos o Beltane ou Samhain, hoje aconteceu a primeira corrida de atomóveis da América, o estado da Dakota virou "do Norte" e "do Sul", Haile Selassie virou 111° imperador da Etiópia, Costa Rica e Libéria de tornaram membros da ONU, um worm foi propagado pela primeira vez na internet. Hoje, nasceram Cleópatra e Maria Antonieta; morreram George Bernard Shaw e pessoas que não tiveram a sorte (ou infortúnio) de aparecer na Wikipédia. Um dia aparentemente ridículo para se estreiar um blog sobre direitos animais... Aparentemente...

2 de Novembro: para o México, o Brasil e mais algum país que também não estava na Wikipédia... é o Dia dos Mortos.
Dos Mortos. Ridículo agora? Nem um pouco.

Hoje é dia daqueles que jazem destroçados na barriga de milhões, bilhões de pessoas.
Hoje é dia daqueles cujos corpos marcados por tortura foram incinerados nos porões da ciência. Hoje é dia daqueles que morreram solitários em jaulas de zoológico. Hoje é dia daqueles que agonizaram por horas para algum riquinho vestir sua pele. Hoje é dia daqueles que cairam famintos e desidratados após anos de trabalho forçado. Hoje é dia daqueles que morreram esfaqueados em arenas espanholas. Hoje, mais do que qualquer outra data, é o dia deles. E, até a meia-noite, mais 160.000.000 (160 milhões*) de animais se juntarão a essa lista apenas pela indústria da carne. Imagine incluindo testes, peles, "entretenimento", "estimação", rituais.
Tente
imaginar...

6 bilhões de humanos são a causa.

6 bilhões podem ser a mudança. Alguns milhares realmente são.


Veja.. Ouça... MUDE!

Bem vindo ao meu blog.

Daquele que humildemente lhes fala
pelos irmãos que não podem fazê-lo,

Alfredo



*Fonte das estatísticas: World Farm Animals Day